Navio apitou, me chamou
Lá "pro" meio do mar é que eu vou
Na balada do vento noroeste
Arrepia os cabelos de Nanã
Surrupia os encantos da sereia
E mareia o terreiro de Iansã
Uma bóia de luz acendeu
Coração navegante da menina
Eu vou no balanço do navio
Mas eu vou cortejar Janaína
Navio apitou, me chamou
Lá "pro" meio do mar é que eu vou
A cor é negra no melaço
É branco o leite do menino
Vermelho é o sangue do escravo
Sem saber "onde" vai seu destino
Africano, baiano, "saruabo"
Cachimbo, fumaça no terreiro
O amor "fluviando" nas marés
"Êta", nosso navio é negreiro
Navio apitou, me chamou
Lá "pro" meio do mar é que eu vou